A Importância do Biológico

Não poderíamos começar doutra forma. A falar de um conceito que nos diz muito e que tem vindo a crescer a cada ano que passa. É interessante verificarmos a evolução do consumo de produtos bio na alimentação dos portugueses, tendo em conta que, nos dias de hoje, todas as grandes superfícies possuem uma secção bio com uma dimensão significativa, algo que não era normal há uns anos atrás.

O que é que aconteceu? A população percebeu que a nutrição é importante? A consciencialização da importância de alimentos provenientes de formas “sustentáveis” de produção aumentou com o crescimento das redes sociais? E porque é fixe ser bio?

Não sabemos a resposta, mas tem-se verificado um aumento considerável. Se considerarmos produtos que anteriormente seriam impensáveis de produzir em bio, hoje em dia são uma realidade.

Ainda bem que esta mudança existe, mas nunca seremos fundamentalistas ao afirmar que a agricultura convencional deve deixar de existir, pois a verdade é que os alimentos bio são significativamente mais caros para o consumidor e produtor. Isto reflete-se e muito no budget mensal de uma família, tendo em conta que comprar legumes é caro e é mais fácil optar por comidas pré-feitas e/ou junk food, que “alimentam” por um preço bem mais acessível.

O seu crescimento deve-se muito ao pequeno produtor que impulsionou este “regresso” e fez com que as grandes superfícies se tivessem de adaptar e procurar novas soluções para colmatar esta lacuna. Vamos por partes. Porque é que o bio é melhor?

A principal razão está diretamente relacionada com os métodos produtivos que são menos intensivos e mais saudáveis para os solos e a sua vida microbiológica.

A agricultura é regulamentada e o controlo do que chega às prateleiras de um supermercado efetivamente existe. A UE impõe restrições durante o ciclo produtivo aos dois, muito superiores no caso do bio, relativamente ao que se pode utilizar para fazer crescer as culturas, assim como protegê-las. Além disso, no caso das grandes superfícies, são realizadas análises a uma amostra de uma remessa de hortícolas e/ou frutas, para verificar se está tudo dentro dos parâmetros impostos pela UE, o que é determinante para promover a segurança alimentar. Agora, não nos enganemos, enquanto os alimentos biológicos não podem ter nenhuns resíduos de produtos fitossanitários, os da agricultura convencional normalmente, contêm resíduos que não são normais na sua constituição natural—estão é dentro dos limites impostos pela UE no que toca à segurança alimentar.

Falemos então do sabor. A frescura diferencia os produtos bio provenientes de uma agricultura familiar pequena e focada no comércio direcionado ao cliente final, dos do supermercado, sejam eles bio ou convencionais, pois, naturalmente, as grandes superfícies não têm um acesso tão rápido, por várias razões relacionadas com a distribuição e organização entre produtores. Contudo, claro que há hortícolas em que o sabor é claramente distinto, como é o caso de muitas verduras. No que toca à presença de resíduos, como foi referido, a diferença existe e muitas vezes tem influência no sabor, portanto, se conseguir, opte pelos hortícolas bio, de preferência locais. Se tiver de optar de forma a controlar o budget, escolha os verdes (e o tomate, quando estiver na época)!

Os hortícolas do supermercado não são iguais aos de uma agricultura pequena certificada, até porque o requisito das grandes superfícies passa primeiro pela apresentação e só depois pelo sabor. Isto porque nós, enquanto consumidores, numa panóplia de hortícolas, vamos sempre escolher o mais perfeitinho, der por onde der. A perfeição­—pelo menos para nós—passa por não utilizar qualquer produto fitossanitário, diminuir o tempo entre a colheita e a entrega o mais possível e garantir que cada produto vos chega a casa como se ainda estivesse no solo. Isso é que reflete a verdadeira qualidade!