Sazonalidade

A agricultura depende muito das condições ambientais, como todos sabemos. Existem culturas indicadas para diferentes épocas do ano, e há aquelas que possuem um ciclo produtivo que se distribui ao longo do ano de cultivo. Na nossa ótica é determinante respeitar a época de cada legume para a nossa alimentação e nutrição.

Vamos utilizar como exemplo o tomate, hortícola que tem um papel importantíssimo na nossa gastronomia. O tomate, ao ar livre, tem um ciclo produtivo, normalmente, entre junho e outubro (no máximo), se as temperaturas mínimas forem estáveis e não muito baixas. O que significa que, durante o resto do ciclo, o tomate que chega às prateleiras de uma mercearia é proveniente de estufas ou importado de zonas com um clima diferente do nosso. É, naturalmente, menos fresco e suculento que o tomate que nos chega naquelas alturas que referimos. O mesmo se aplica ao pepino, pimentos, beringela, entre outros.

Assim como estas culturas que referimos, existem outras, que são produzidas numa época específica, principalmente na primavera-verão, e que têm características que as permitem ser armazenadas durante o ano. Estamos a falar, por exemplo, da cebola, abóbora e das batatas. A cebola, que pode ser produzida em qualquer fase do ano, é muito explorada na época do ano que promove resultados mais rápidos, entre abril e junho, e de seguida é colocada em armazéns e lá fica vários meses. Por isso é que é raro encontrar cebolas frescas, ainda mais com rama.

Já a abóbora (cultura de primavera-verão) tem uma excelente capacidade de armazenamento e, nas condições certas, permanece praticamente intacta durante 1 ano ou mais. A batata e a batata-doce são relativamente fáceis de armazenar durante 2 a 3 meses, mas sem controlo podem rapidamente ficar estragadas, tanto por perda de água, ou, como acontece no caso da batata normal, por causa da traça.

Depois temos aquelas culturas que podem ser produzidas durante o ano todo, mas que por dificuldades a nível produtivo, são mais caras e difíceis de obter com a qualidade desejada. No nosso caso, acontece mais na produção de couves, nabo, rúcula e todas as restantes plantas da família das brássicas, cuja produção é mais complexa na primavera-verão devido ao maior número de pragas existentes nesta fase, o que torna a proteção de plantas complexa, especialmente sendo bio. O aumento generalizado das temperaturas faz com que alguns insetos, que durante o outono-inverno não têm atividade, voltem e se alimentem das nossas plantas. Este aumento da temperatura pode também fazer surgir algumas doenças no solo e na folha. Isto significa que, muito provavelmente, existe uma maior necessidade de proteção das plantas nesta fase.

Há ainda as algumas plantas que, de uma forma geral, se dão bem ao longo do ano—as nossas preferidas 😇­— e que são produzidas de forma constante, pois não apresentam nenhum fator que nos impeça de as cultivar.

Assim, para vos auxiliar a perceberem um pouco da nossa produção e da disponibilidade de legumes (pelo menos dos nossos) ao longo do ano, mostramos abaixo uma tabela representativa da fase do ano em que cultivamos as nossas diferentes culturas.